Penélope no lupanar

Há às nossas portas uma sanha totalitária, de índole woke e obscurantista, que visa promover o pensamento único e acabrunhar por defeito as piores antevisões distópicas? Há.

Existe um punhado de pessoas, mais ou menos vocais, com maior ou menor capacidade de projectar dissidência à prensa férrea do neo-socialismo, e que por tal pugnam a desoras?
Existe.

Onde vivem e vicejam ambas as facções, para quem bradam?

Na urbe lofty do Facebook, onde há muito o ar tresanda à réstia nauseabunda dos irrelevantes.

No Twitter, uma cloaca infecta com o sangacho dos sem-vida, inanes na blague e obnubilados pela banalização do engate que lhes compra umas horas de adiantamento e orgasmia lúbrica anestesiante face à maré de surdez.

Fora daqui, nas partes do mundo onde ainda não se sucumbiu ao hedonismo e ao ensimesmanço sobrequalificado e meta-autista, onde cada vez menos se abjuram as culturas locais, a procriação e as necessárias medidas beligerantes para a prevenção do. assalto assimilador, tudo isto é risível.

Fora daqui mas mais perto, as gerações que parimos abraçam uma nesciência endémica, empurrados para a moagem de uma rat race viciada pela agenda de substituição populacional, e o legado da ignorância tardiamente farejada vem imparável na lição das formigas.

E ainda mais perto, os vossos supervisores matrixianos sorvem mais um café e arquivam mais um ficheiro com as vossas intervenções, fotos, afagamentos em círculo e marcações da foda, satisfeitos com o EBITDA da anestesia.

Longe, nos futuros enclaves da memória sã, alguém reaprende e ensina como caçar, pescar, plantar, matar, causar disrupção, fugir e recomeçar, resistir, preservar comida, saúde e propriedade; longe, imunes ao fascínio deste talho sofisticado onde a divisa com que se paga a ilusão de utilidade é o tempo irrecuperável, acordam indivíduos calados, libertos, independentes e desnudados dos confortos vácuos de um Truman Show trazido por fibra aos altivos populantes das favelas douradas que mal acabam, na madrugada, de sucumbir à estafa de nada fazer, postando outra tautologia, twittando só mais um espasmo, agradecendo mais um like, masturbando outro masturbador.

Eu, que nas imortais palavras de um canalizador, não sei quem sou mas sei onde estou, acordei há minutos, comi uma fatia de queijo, vou correr sete quilómetros e depois de um banho far-me-ei uno com a estrada ao encontro de amigos reais, deixando as vozes às vozes na sua melopeia espectral, fútil e torpe.

Boa sorte a quem por elas se perder em labirintos diluentes da psique, enquanto o Areópago cala baionetas. Lá fora.

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